Mochinhos a refletir: é tudo uma questão de neurotransmissores! Dopamina e GABA
19-02-2018

Há uns anos para cá desenvolvi uma verdadeira paixão pela química do cérebro: os neurotransmissores. Envolvidos em sensação. perceção, movimento, aprendizagem, emoção.... em muita coisa que nos torna humanos! Daí sentir um verdadeiro fascínio por este tema e não sou a única. Foi delicioso ouvir as palavras da pedopsiquiatra Dr.ª Ana Vasconcelos aquando de umas jornadas sobre o tema do Neurodesenvolvimento, "os neurostransmissores são um aspeto fulcral de todo e qualquer comportamento humano"! Daí ser um ponto de partida e de chegada para intervir junto de pessoas que pensam e sentem... Como funciona esta parte biológica que "lidera" pensamentos e emoções? O cérebro tem uma verdadeira tarefa que exige uma constante dedicação: equilibrar os neurotransmissores para um bom funcionamento, mas será que podemos ajudar a este equilíbrio?? Como?! Vamos explorar em dois artigos, a Dopamina e GABA. Numa segunda a Serotonina e Acetilcolina.
Dopamina - químico do prazer
Importante para:
- Movimento, memória, recompensa positiva, sono, aprendizagem, comportamento e cognição, atenção, inibição e humor.
A dopamina é responsável pelo "sim vamos fazer isto!" porque como há recompensa de um determinado comportamento, a dopamina "quer repetir". Quando se tem alterações da dopamina acontece o seguinte:
- Dificuldade no controlo: cognitivo, da atenção, dos impulsos e da memória de trabalho (já repararam que são muitos dos sintomas da PHDA?
Onde se encontra a dopamina?
- Em partes periféricas do sistema nervoso; inibe a Norepinefrina (a dopamina relaxa); equilíbrio do sódio na urina; reduz a insulina no pâncreas; No sistema digestivo, reduz a motilidade gastrointestinal e protege a mucosa instestinal.
Sintomas de excessos de dopamina e insuficiência
Em excesso:
- Movimentos desnecessários, tiques repetitivos, psicoses, hipersexualidade, náuseas, Nota: os antipsicóticos são antagónicos da dopamina (querem reduzi-la no cérebro).
Em insuficiência:
- Causa sintomas negativos da esquizofrenia, sofrimento, doença de Parkinson, PHDA, aumenta a rigidez, altera a flexibilidade cognitiva, síndrome das pernas inquietas, sintomas de depressão, tais como:cansaço, apatia (incapacidade para sentir prazer), procrastinação (arte de adiar as tarefas), libido baixa, problemas de sono, alterações de humor, falta de esperança, perda de memória, incapacidade de concentração.
O que devemos comer para repor dopamina?
- Uma dieta rica em magnésio e tirosina ajudam na produção da dopamina. Segue uma lista de alimentos que também podem ajudar: frango, amêndoas, maçãs, abacate, bananas, chocolate, beterraba, vegetais, chá verde, feijão, aveia, melancia, açafrão, sementes de abóbora e sésamo.
Princípio ativo antagónico da dopamina:
- Paliperidona, Haloperidol, olanzapina.
Princípio ativo agonista (em casos de doença de Parkinson, sintomas negativos da esquizofrenia e o síndrome das pernas inquietas):
- Pramipexole, Ropinirole.
Nota: Um paciente com esquizofrenia que tome 1 de cada tipo, quer dizer que um irá anular o outro! Daí a medicação ser receitada com cuidada para não fazer um efeito contrário, nomeadamente ao nível dos neurotransmissores!
GABA - o químico do relaxamento
Importante como:
- antisiolítico, anticonvulsão; O GABA é um neurotransmissor de inibição, 40% das sinapses no cérebro humano trabalha com GABA ou tem recetores de GABA.
Sintomas de excessos de GABA e insuficiência
Em excesso:
- Excesso de sono; respiração superficial; pressão sanguínea alta.
Em insuficiência:
- Ansiedade, depressão, dificuldades de concentração, insónia.
O que devemos comer para repor GABA?
- Amêndoas, nozes, tomates cherry, banana, arroz integral, batata, aveia, lentilhas, vitamina B6 (se deficiente pode prejudicar a produção de GABA).
Princípio ativo que potencia:
- Normalmente tem efeito relaxantes, pelo que podemos considerar os ansiolíticos e anticonvulsivos.
- Benzodiazepina e Barbitúrico.
Ideias a reter:
- Os neurotransmissores são enviados para produzir uma reação que irá ajudar-nos a sobreviver a uma ameaça ou repetir um reforço.
- Muito stress ou excitação por um longo período de tempo, irá implicar que o cérebro reponha o equilíbrio dos neurotransmissores relaxantes e iniba os excitatórios.
- No final de um dia, precisamos relaxar como uma forma de dizer ao cérebro "Está tudo bem", para o mesmo interpretar a mensagem e inibir os químicos excitatórios. Nesta perspetiva, que tal experimentar práticas de atenção plena (Mindfulness)? Está comprovado cientificamente que criar um "espaço" para respirar e nos focarmos permite uma sensação de bem-estar, tendo efeitos diretos na química do nosso cérebro.
Texto traduzido e revisto por Sandra Costa.
Fonte e adaptação: Dawn & Snipes (2016). Neuropsychobiology: dopamine, GABA, Serotonin; Acetylcholine. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=nMuuCS2h5IE&t=1798s

