A gestão das emoções é uma tarefa desenvolvimental que se apura com o tempo. Tal como acontece com outras, há diferenças individuais na aquisição do sistema de regulação emocional.
O QUE CONDICIONA ESSA APRENDIZAGEM
Há 3 processos que condicionam o desenvolvimento da capacidade para regular as emoções:
1) A maturação neurológica: O sistema nervoso da criança é a base para o controlo das reações emotivas. Se tivermos isso em consideração, é importante ter em conta que alguns autores defendem que a qualidade dos afetos recebidos (e.g. sinais sociais, tais como expressões faciais, toque, validação) tem um impacto crucial no desenvolvimento do cérebro, especialmente na maturação dos sistemas de regulação emocional (Cozolino, 2007; Gerhardt, 2004; Panksepp, 1998; Schore, 2001, 2004). Aqui entra o papel importante das figuras de vinculação no desenvolvimento da capacidade para gerir as emoções analisado com mais detalhe no ponto três.
2) O temperamento e a fase de desenvolvimento: um temperamento mais difícil pode tornar uma criança mais vulnerável à desregulação emocional. A fase de desenvolvimento em que a mesma se encontra indica maior ou menor facilidade em gerir emoções.
3) Os estilos parentais de socialização das emoções: Como as figuras de vinculação e a família falam sobre os sentimentos irá ter consequências na forma como as crianças expressam o que sentem e gerem as suas emoções. Vários autores (Eisenberg, Cumberland & Spinrad, 1998; Eisenberg et al. 2001) defendem que a socialização parental das emoções é um processo complexo, através do qual, as crianças aprendem a experienciar, expressar, compreender e a regular as suas emoções. Há competências de regulação emocional que podem ser promovidas e parcialmente aprendidas, através dos pais.
ESTILOS PARENTAIS DA SOCIALIZAÇÃO DAS EMOÇÕES
(Gottmanm 1997; Gottman, Katz, Hooven 1996, 1997)
1) INDIFERENTE: Acreditam que as emoções são desnecessárias e desvalorizam-as quando a criança as expressa. Utilizam estratégias de distração, de desvalorização ou de negação das emoções. Usam expressões como “isso passa!” ou “qual é o motivo de estares assim?”.
2) DESAPROVADOR: São da crença que a expressão das emoções são uma tentativa dos filhos para chamar a atenção. Criticam, ajuízam e reprovam as emoções negativas da criança e a sua expressão. Usam comentários como “estás a fingir”, “estás a tentar manipular” ou “não és normal”.
3) PERMISSIVO: Adotam comportamentos de total aceitação e de não-interferência em relação à expressão das emoções dos filhos. Neste caso, não orientam a criança de forma estratégica para adotar outra ação para saber expressar as emoções corretamente.
4) TREINADOR: A visão das pessoas que adotam este estilo encaram as emoções negativas como oportunidades para criar uma ligação de proximidade com os seus filhos. Neste sentido, mostram tolerância e respeito aos estados emocionais e dão soluções para a gestão dos mesmos (colocam limites ao comportamento inapropriado).
Gostaste das dicas? Sabes que é importante aprenderes mais sobre as emoções para poder ensinar a melhor gestão!
Principal Bibliografia
Gottman, J.M., Katz, L.F. & Hooven, C. (1997). Meta-emotion: How families communicate emotionally. Lawrence Eribaum Associates, Inc; Mahwah, NJ